quinta-feira, 30 de abril de 2009

CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE E CONTRA A UNIÃO

Mesmo sendo indenizado, pela União, pelas benfeitorias existentes em suas fazendas, o rizicultor Paulo César Quartiero mandou demolir toda a estrutura física de uma de suas propriedades, a fazenda Depósito, instalada na terra indígena Raposa Serra do Sol, ao norte de Roraima.

Segundo o jornal Folha de Boa Vista, funcionários da fazenda arrancavam portas e janelas, derrubavam maquinas e paredes das construções da propriedade, que possui 5 mil hectares e foi incluída na demarcação da reserva homologada em 2005 de forma contínua pelo presidente Lula e validada no mês passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o superintendente regional da Polícia Federal, José Maria Fonseca, a ação de demolir a estrutura física da fazenda é ilegal. "Vamos mandar fazer levantamentos no local para comprovação. Quartiero foi indenizado pelas benfeitorias, independente de ele ter recebido o pagamento ou não, está provocando um dano consciente. A partir do momento em que a União resolve indenizá-lo pelas benfeitorias, elas passam a ser da União", destacou.

Fonseca disse ainda, em entrevista ao jornal local, que vai notificar o Ministério Público Federal (MPF) para que tome conhecimento do fato. "O MPF deve instaurar processo por crime de dano, assim que receber a prova de que Quartiero está danificando a fazenda", enfatizou Fonseca.

Em maio do ano passado, Quartiero foi multado pelo Ibama em R$ 30,6 milhões por danos ambientais. A multa foi aplicada após conclusão de laudo técnico que durou quatro meses para ser concluído e apontou danos como desmatamento da mata ciliar, utilização dos lagos, desvio de água do rio Surumu para a fazenda, supressão de vegetação, entre outros crimes.

Todos os habitantes não índios que vivem na terra indígena tiveram suas posses avaliadas pela Funai, para que pudessem ser indenizados pelas benfeitorias antes da desocupação. Os valores foram depositados em nomes dessas pessoas.

Fonte: Jornal Folha de Boa Vista.

terça-feira, 28 de abril de 2009

QUARTIERO RESISTE A DESOCUPAÇÃO DA RAPOSA

Há dois dias da data-limite estabelecida pela Justiça para a saída pacífica dos não índios da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, produtores de arroz e famílias de agricultores brancos se dividem entre a resignação em deixar a área e a disposição, ao menos declarada, de ainda resistir ao cumprimento da determinação judicial.
Todos os produtores de arroz estão retirando seus pertences das fazendas que ficavam na área demarcada. Mas o fazem em ritmo distinto.
Paulo César Quartiero, que protagonizou o movimento de resistência dos não índios ao longo de todo o processo, tem duas fazendas e diz que só será possível desocupar até o dia 30 uma delas, a Fazenda Depósito, de 4.500 hectares. Na outra, a Fazenda Providência, de 5.000 hectares, Quartiero alega ter 400 mil hectares plantados à espera da colheita.
Há dois dias da desocupação ele ainda mantem 5.000 cabeças de gado. Garante que só sairá obrigado pela Polícia Federal. Quartiero quer permanecer na reserva pelo menos até o fim de maio, para que possa colher algo em torno de 60 mil sacas e terminar de encaminhar o gado até a fazenda de um amigo. A possibilidade de deixar a plantação e o material sob a custódia provisória do governo federal, colocada pelo ministro do STF Carlos Ayres Britto, não é sequer cogitada pelo produtor.
O pátio da usina do Arroz Acostumado - marca de Quartiero - no Distrito Industrial de Boa Vista está lotado de máquinas agrícolas e equipamentos de irrigação retirados da Fazenda Depósito. O produtor também mandou destruir a sede e os galpões que existiam na fazenda. "O que ficar nós vamos derrubar ou colocar fogo para colaborar com a cultura indígena. Índio não gosta de viver em palhoça?", provocou.
A família Barilli, dona da fábrica do Arroz Tio Ivo, adotou postura diversa. Já retiraram praticamente tudo da Fazenda Tatu, de 9.000 hectares, e estão à procura de outras áreas em Roraima onde possam retomar as plantações. O maquinário foi todo levado para um galpão alugado em Boa Vista. "Não vamos fazer nenhuma resistência, vamos cumprir indignados o que a lei superior determinou", afirmou Regina, esposa do produtor Ivo Barilli. Em relação às benfeitorias feitas na fazenda, a postura do casal também não será a mesma de Quartiero. "Não vou derrubar. Não tenho coragem de destruir algo que construímos com o nosso suor.
O presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa, adotou postura semelhante à da família Barilli. A desocupação das fazendas Carnaúba e Vizeu, que juntas somam 7.000 hectares, está nas últimas providências e as benfeitorias serão mantidas. "Eu não vou derrubar, foram feitas em alvenaria. Não acho que vale a pena demolir. Pode ser que seja útil para alguém, se não será para mim mesmo", argumentou.O japonês, como é conhecido o produtor, já está cultivando arroz em áreas arrendadas fora da reserva indígena.

domingo, 19 de abril de 2009

TODO DIA É DIA DE ÍNDIO! SÓ DEPENDE DE VOCÊ!

"A coisa mais bonita que temos dentro de nós mesmos é a dignidade. Mesmo se ela está maltratada. Mas não há dor ou tristeza que o vento ou o mar não apaguem. E o mais puro ensinamento dos velhos, dos anciãos, partem da sabedoria, da verdade e do amor. Bonito é florir no meio dos ensinamentos impostos pelo poder. Bonito é florir no meio do ódio, da inveja, da mentira ou do lixo da sociedade. Bonito é sorrir ou amar quando uma cachoeira de lágrimas nos cobre a alma! Bonito é poder dizer sim e avançar. Bonito é construir e abrir as portas a partir do nada. Bonito é renascer todos os dias. Um futuro digno espera os povos indígenas de todo o mundo. Foram muitas vidas violadas, culturas, tradições, religiões, espiritualidade e línguas. A verdade está chegando à tona , mesmo que nos arranquem os dentes! O importante é prosseguir".
Eliane Potiguara

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A PAZ DOS AYMARAS

Trago aqui nesta semana santa, meu desejo de paz dos índios aymaras do altiplano boliviano.
Segundo os aymaras, cada pessoa para estar bem com o seu mundo, precisa de sete diferentes tipos de paz.
A primeira, é a paz “para cima”, com Deus, com os espíritos, com os antepassados. É a paz com a dimensão espiritual, metafísica, como alguns gostam de chamar, é a paz com os mistérios do mundo.
A segunda, é a paz “para baixo”, com a terra que pisamos. No tempo dos aymaras, essa terra era um simples local em que eles plantavam. Hoje, temos um maiúsculo Planeta. Não é possível estar em paz nos tempos de hoje se não estivermos em paz para cima, com os espíritos, e para baixo, com a Terra, a paz daqueles que não destroem mas respeitam o Planeta como a nossa casa. A paz do equilíbrio ecológico.
A terceira, é a paz “para frente”. Para os aymaras, a paz “para frente”, era a tranquilidade com o próprio passado. Com a sabedoria deles, o futuro está atrás, porque o futuro é desconhecido. E ninguém está em paz se não tem paz com o seu passado, se vive com remorsos.
A quarta, é a “paz para trás”, que é a paz do futuro, sem medo do que vai acontecer, sem temer o que virá pela frente.
A quinta paz defendida pelos aymaras era com “o lado direito”, que é a paz com a família e com quem convivemos permanentemente.
A sexta paz era com “o lado esquerdo”, que seriam nossos vizinhos pois não adianta ter a paz apenas dentro de casa; é preciso ter paz com aqueles que estão ao lado também. Só que no tempo dos aymaras, os vizinhos eram alguns grupos esparsos de outros indígenas. Hoje, são todos os habitantes do Planeta.
A sétima paz é a paz “para dentro”, a paz que cada um tem de ter consigo mesmo, porque se pode ter todas as outras formas e não estar, internamente em paz.
Desejo a todos, as sete formas diferentes de paz que os aymaras defendem.
Que esta paz de sete formas diferentes chegue a cada um em cada canto desse planeta como se fossemos ainda uma pequena tribo isolada mas com a alegria e a pureza dos índios.